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Mais uma cirurgia, mais uma etapa superada!

  • Foto do escritor: Juliana Netto
    Juliana Netto
  • 2 de nov. de 2019
  • 5 min de leitura

Atualizado: 5 de nov. de 2019

Desde aquele primeiro trote na esteira, muita coisa aconteceu. A começar por de fato começar a sentir os efeitos colaterais do Tamoxifeno. Arre égua! Que canseira que o troço dá! Então eu passo uma boa parte do dia meio zoada, até que dá um tchum e eu fico ligada no 220Vde novo. Tem dia que não é tão fácil, principalmente em dias que se seguem a outros de mais atividade, mas a gente vai levando. Já falei dos calores, né? Uólace! Mas com eles, confesso que já estou acostumada. Meu humor continua instável, para a alegria do Guga, mas sinto que já estou menos tensa que antes. Humor deprimido não faz parte da minha natureza, então, no momento, posso dizer que estou bem feliz. Semana passada teve a comemoração de vinte anos da equipe da Márcia Ferreira, minha treinadora, amiga e ídola. Mil depoimentos emocionados passando num telão, aí vi o meu: som vazado, inaudível, e constatei que tinha gravado no meio da quimioterapia, num daqueles dias em que eu estava de dexametasona (corticóide) até o último dos fios de cabelo que resistiam. Uma cara de lua que só a misericórdia! Na hora, senti aquilo como uma sessão de humilhação pública, mas logo percebi que era bom saber que eu tinha vencido aquela etapa, que já desinchei e emagreci um bocado e, principalmente, estou voltando às minhas atividades. Sábado passado acordei umas 4:30 da manhã, pra ter tempo de dar um rolê no Aterro antes do meu compromisso no centro espírita. Digo e repito que ainda não chamo aquilo de corrida, mas é um trotezinho que me dá muita vida. No dia seguinte, acordei sentindo a intensidade do dia anterior, com os pés em brasa, porque aí a neuropatia fica toda assanhada. João veio fazer uma massagem no meu pé, todo meloso, pra minutos depois vir com a bomba: "Vou falar uma coisa que vai te deixar brava. Esqueci de comprar as formas pros panetones". Misericórdia! Mano do céu! Minha Nossa Senhora das Mães Que Tudo Fazem!!! Sabe onde se vende forma de panetone num domingo? Se você pensou Madureira, acertou. Repito: MA-DU-REI-RA!!!! Mercadão! Ridejanêro 36°C, Madureira, sensação térmica de abraçando o Sol. Eu disse pro João que depois eu ia matar ele, mas que ele estivesse pronto, na porta de casa, em cinco minutos. Eu nem ia tomar café da manhã, tamanho meu desespero em ir e voltar correndo. Compramos as formas. Já passava das onze da manhã e eu ainda tinha que dirigir pro di menor até Benfica, pra comprar o Amaretto que fez toda a diferença nos panetones de chocolate, mas bateu uma fraqueza de estar em jejum. Pensei num pão de queijo com uma Coca Zero, mas descobri que lá só vendia pastel! Visualizem: pastel na lanchonete, pastel na barraca no calçadão de Madureira, debaixo daquele sol de 50 graus, mas só pastel. Domingo abençoado... Eu nunca, nunquinha, entro num Mc Donald's, a não ser em situações extremas como aquela. Perguntei pra moça se lá servia café da manhã. A atendente me olhou com aquela cara de sabe de nada inocente, e mandou um claro que não. Diante do cenário, pedi um sanduíche de peixe e uma Coca Zero. Aí veio mais uma decepção: "A máquina de refrigerante tá quebrada, pode ser suco?". Armaria!!!! Eu não queria aqueles sucos cheios de açúcar, não queria gastar minhas calorias com aquilo. Tem mate? E assim foi meu desjejum dominical. Suando em bicas, porque o ar condicionado tava quebrado, é óbvio, comendo um sanduíche de peixe com mate. Combina à beça, né? Desde que eu comecei o tratamento, praticamente parei de dirirgir, mas calhou da minha mãe, que está morando aqui em casa porque o seu apartamento está em obras, pedir para levá-la até a loja da Leroy Merlin no dia seguinte. Fim de tarde ensolarado em Pilares, eu fazendo o retorno na saída da Linha Amarela, e o cara do carro ao lado avisou que o carro estava jorrando gasolina por baixo. Legal, super seguro... Parei no posto de gasolina uns 100 metros adiante, linda e toda trabalhada no Capim Limão da L'occitane, naquele caléu da p*, e pedi ao seguro que mandasse um guincho e um taxi. O carro já tava lindão em cima do reboque quando finalmente apareceu um táxi. Eu perguntei pro fofo do motorista se era o táxi da Liberty, ele acenou com a cabeça que sim. Quando a gente estava em São Cristóvão, quase na Leopoldina, liga o atendente da Liberty pra informar que o táxi me aguardava no posto onde eu havia parado. 💯 nhor! Pegamos o taxi errado! O hômi se desculpava, dizia que a gente podia descer ali mesmo (naquele lugar deserto, num feriado, super tranks), que não tinha entendido e nem feito por má fé. Fiquei com dó do pobre e mandei tocar aqui pra casa.Vai que eram os cinquenta contos que ele estava precisando pra pagar uma conta de gás? Ou que eu poderia ser assaltada no posto, esperando o táxi da seguradora? Ah, tô super Poliana, achando que tem uma boa razão pra tudo. Pra compensar, o santo Paulo veio aqui de moto, e consertou o carro aqui na porta de casa. Rápido e sem dor. Depois desse início de semana lokão, fiquei meio de resguardo, resolvendo burocracias e esperando a cirurgia de ontem. Fiz uma linfadenectomia axilar ou, para os leigos, tirei uns gânglios do suvaco. Dei entrada no lobby da São José umas 10:30, e já dei de cara com o Dr. XY bufando e dizendo que minha cirurgia não estava agendada no hospital. Sabe lá qual a maluquice que a São José arrumou dessa vez... Meu primeiro impulso foi quase comemorar, porque eu já estava em jejum há doze horas. Sentei fazendo carão, de Ray Ban e com jeito de poucos amigos, porque com fome e sem saber se você vai operar, difícil fazer cara boa. Resumindo, cirurgia agendada pras 13h, eu subi pro quarto depois de meio dia. Tudo confuso, sem sala no centro cirúrgico, vieram me buscar às 15h. Levantei e claro que deu ruim. Teto preto, quase desabei no chão...mas depois daquela mágica da anestesia geral, tudo fica lindo. Voltei óoootema pro quarto, e fui recebida com belos pães de queijo de tapioca do Farinha Pura. João também tinha traficado um lanchinho do Fornalha, o que foi a salvação. Como alguém manda arroz sem feijão, vagem sem sal e um bife seco e duro pra um ser humano que está em jejum há vinte horas? Aproveitei a sopa, que eu sempre gosto, e a salada de frutas. O suco do hospital tem o açúcar pra compensar 24 horas de jejum em um único copo, então fiquei na água tônica que meus meninos me trouxeram. Depois de comer, apaguei até que às 6:00 de hoje veio a moça com a dipirona e o antibiótico. Ela também me tirou do soro, o que libertou pra passear pelo quarto. Fiz um belo asseio, arrumei as cabelas, coloquei os brincos e fiquei esperando Dr XY passar pra me dar alta, ansiosa que nem criança em noite de Natal. Estou bem, sem dor, e dessa vez já saí liberada para exercitar as pernas, mas sem saculejar nem fazer qualquer força com o braço esquerdo. Mais uma etapa superada. Que venham todas! Eu vou superar uma por uma, com paciência, até o dia glorioso de ouvir "você está de alta".

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